Nos Estados Unidos, muitos negros nascem em uma vida de trauma. É um trauma informado por uma longa história de desumanidade brutal, repressão, violência e injustiça que continua a agarrar firmemente homens e mulheres negros todos os dias.
Este trauma não é algo que qualquer um de nós que não teve a experiência de ser negro na América pode falar da mesma forma que alguém que tem. No entanto, reconhecer este trauma e lançá-lo numa luz ampla e sem complicações é da nossa responsabilidade do significado de racismo e injúria racial.
Inúmeros estudos têm mostrado os efeitos adversos físicos e psicológicos do racismo. "Racism is considered a fundamental cause of adverse health outcomes for racial / ethnic minorities and racial / ethnic uniquities in health" (Williams, Lawrence, & Davis, 2019). A experiência do racismo individual, institucional e cultural tem sido encontrada para ser unicamente preditiva de sintomas de estresse pós-traumático (Facemire, 2018).
O trauma Racial pode envolver uma " experiência ou crise negativa, súbita e incontrolável."Alternadamente, pode envolver uma" ameaça física ou psicológica contínua que produz sentimentos de medo, ansiedade, depressão, desamparo e transtorno de estresse pós-traumático (PTSD)" (Ponds, 2013).
Quando presenciamos o tipo de violência grotesca contra um homem como o George Floyd, sabendo que isto pode acontecer a si ou a alguém próximo, simplesmente com base na cor da sua pele, como pode não se sentir ameaçado, com medo, ansioso, deprimido, indefeso?
No entanto, como todos sabemos, para muitos afro-americanos este trauma não começou com George Floyd. Trauma, em geral, pode ser definido como qualquer evento ou incidente negativo significativo que nos moldou e pode emergir de qualquer instância impactante que nos fez sentir mal, assustado, ferido ou envergonhado. "Atos de agressão não são apenas exemplos de trauma interpessoal, mas também o trauma do racismo, que é examinado através da lente de trauma intergeracional, trauma baseado em incidentes racistas, e trauma complexo" (Bryant-Davis, Adams, Alejandre, & Gray, 2017).
Outro estudo que analisou como a exposição ao racismo e outras experiências adversas na infância afetou as mulheres perinatais com doença mental moderada a grave, descobriu que "as mulheres negras eram significativamente mais propensas a relatar ACEs convencionais e expandidas, incluindo experimentar o racismo e testemunhar a violência."O estudo concluiu que" a exposição infantil ao racismo e trauma ambiental são categorias de risco importantes para a doença mental perinatal " (Kim, Kuendig, Prasad, & Sexter, 2020).
A investigação sobre o impacto dos ases não deixou dúvidas de que o trauma precoce, especialmente o trauma não resolvido, afecta o desenvolvimento de capacidades de regulação emocional e a tolerância à angústia. Pode levar a "desorganização neurológica e comprometimento social, emocional e cognitivo" (Aaltonen, 2019). Os ases têm sido ainda associados a todas as principais causas de morte, incluindo doenças como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral, obesidade, diabetes e câncer, além de preocupações de saúde mental como depressão, ansiedade, abuso de substâncias e suicídio.
As feridas físicas e emocionais do trauma racial podem ser reabertas durante toda a vida. É um trauma despertado quando uma pessoa tem medo de andar pela rua ou é parada pela polícia. É um trauma reacendido por vídeos perturbadores de violência e tragédias como o assassinato de George Floyd. Estes eventos podem ser desencadeados em um nível que é profundamente pessoal e amplamente compartilhado.
A cura deste tipo de trauma deve ocorrer a nível social e individual. Parte da superação do trauma é processar o que nos aconteceu, sentir toda a dor dele, e fazer sentido da experiência. Para muitos negros americanos, as experiências que estão tentando processar podem ser contínuas, complexas e completamente sem sentido. Isto torna ainda mais crucial que encontremos vias para prestar serviços de saúde mental na sequência de um trauma.
Infelizmente, embora os negros sejam expostos a traumas a um ritmo alarmante, achados têm sugerido que" 56-74% dos expostos a eventos traumáticos podem ter uma necessidade não satisfeita de serviços de saúde mental " (Motley, Banks, 2018). A questão que devemos colocar a nós próprios, para além das mudanças sociais, é a de saber o que se pode fazer para começar a responder às necessidades de saúde mental desta comunidade.
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